segunda-feira, 11 de maio de 2009

A Revolução Industrial

Universidade Federal de Minas Gerais
Centro Pedagógico – Escola Fundamental- Núcleo de Geografia e História- Disciplina História
Professor Adair Carvalhais Júnior


A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Adaptado de História Temática – O Mundo dos Cidadãos. Montellato, Cabrine e Catelli. Ed. Scipione, pg. 30 a 51


Mais do que a introdução das máquinas no sistema de produção de bens e mercadorias, a Revolução Industrial consistiu numa transformação no modo de trabalhar dos homens, na maneira de se relacionarem uns com os outros, de pensar e agir, bem como utilizar o tempo, observar o meio ambiente e nele interferir. A própria noção de tempo foi modificada.
O relógio mecânico, criado em fins do século XIII para disciplinar a vida dos monges acabou por extrapolar seu objetivo inicial e passou a controlar o ritmo de todas as atividades da vida urbana.
Assim, já por volta do século XVI a noção de tempo relacionava-se com o tempo útil, o tempo do trabalho. Desta forma, a noção do mercador do tempo como dinheiro foi se disseminando por todas as esferas da sociedade.
A revolução industrial também se relacionou com o desejo dos patrões em disciplinar os operários e em submetê-los a novos sistemas de trabalho.

O NASCIMENTO DAS FÁBRICAS

Durante a Idade Média européia a produção era realizada em um sistema familiar e destinava-se a atender às necessidades da família do camponês.
O crescimento urbano e o êxodo rural aumentaram o contingente de artesãos e estes procuraram se organizar nas chamadas corporações de ofício.
As corporações eram organizações que possuíam regulamentos próprios quanto à hierarquia, formação e treinamento de profissionais, às horas de trabalho, salários, preços dos produtos. Além disto protegiam os artesãos contra a concorrência estrangeira (de outras cidades ou países).
Por volta do século XVI os comerciantes começaram a fornecer a matéria-prima aos trabalhadores fora da jurisdição das corporações e a controlar a comercialização da produção, num sistema que ficou conhecido como putting-out na Inglaterra.
Neste sistema os trabalhadores produziam em suas casas, eram donos das ferramentas, controlavam as técnicas e o processo de trabalho. Mas surgiam conflitos entre eles e os comerciantes pois nem sempre a matéria-prima era de boa qualidade, havia desvio da produção e o preço combinado não era pago, além do atraso na entrega das mercadorias.
Por isto as fábricas nasceram da necessidade dos comerciantes controlarem melhor os trabalhadores, impor-lhes um ritmo de trabalho próprio e retirar-lhes a iniciativa e a criatividade.
Nelas os trabalhadores eram reunidos em galpões, vigiados e controlados por meio de uma rígida disciplina, de horários de entrada e saída, prazos para cumprimento das tarefas, maior divisão das etapas do trabalho e uma hierarquia severa. Nelas as jornadas de trabalho atingiam até 16 horas por dia, sem feriados ou férias e a utilização da mão-de-obra infantil era comum.

TRABALHO E TECNOLOGIA

A invenção de máquinas para fazer o trabalho do homem era uma história antiga. Mas a associação da máquina à força do vapor provocou mudanças inéditas.
A produção em grande escala, a divisão do trabalho e a utilização da energia não humana provocou um enorme aumento na produção.
Sob o ponto de vista dos trabalhadores, a Revolução Industrial foi uma catástrofe. A exploração econômica e a opressão política só fizeram aumentar e as relações entre patrões e empregados tornaram-se mais duras e menos pessoais. Nasceu aí a classe operária, tão importante para a civilização ocidental particularmente a partir do século XIX.
Mas os conflitos entre patrões e empregados não giravam, no início, em torno de questões econômicas mas de valores: tradição, justiça, solidariedade, independência, segurança e economia familiar eram freqüentemente invocados pelos trabalhadores que viam seu modo de vida ser transformado drasticamente (ver texto “Relato feito por um oficial fiandeiro de algodão ao público da cidade inglesa de Manchester”, em 1818).
E não poucas vezes estes conflitos tornaram-se violentos (ver texto “Os quebradores de máquinas”).

TAYLORISMO E FORDISMO

Frederick Winsllow Taylor criou o taylorismo, conjunto de regras criadas a partir da observação do trabalho nas fábricas que visava racionalizar e controlar ao máximo o tempo do trabalhador, elevar sua produtividade, eliminar o desperdício e reduzir os custos de produção.
No taylorismo a divisão do trabalho foi aprofundada, sendo cada operário responsável por uma única e repetitiva tarefa. Além disto o trabalhador que realizasse determinada tarefa num tempo menor que a média de todos os companheiros era premiado.
Henry Ford desenvolveu os princípios de Taylor e os aplicou nas suas fábricas, criando a linha de montagem, na qual os veículos eram colocados numa esteira rolante e cada trabalhador realizava uma única e simples etapa da produção: quanto mais simples menos sujeita a erros, maior velocidade, mais produtividade e mais lucros.

+ Charles Dickens (1812/1870), escritor inglês, retratou muito bem as condições de trabalho subumanas da classe trabalhadora no século XIX no livro Oliver Twist.
+ Charlie Chaplin, cineasta americano, mostrou no seu filme Tempos Modernos a vida repetitiva e monótona dos trabalhadores na indústria.


Após a leitura, responda:
1. Explique as transformações no modo de se produzirem as mercadorias desde a Idade Média até o nascimento das fábricas.
2. Identifique e diferencie taylorismo e fordismo e explique sua importância para o desenvolvimento industrial.
3. Explique as mudanças provocadas no modo de vida dos trabalhadores pela Revolução Industrial.
4. Explique as conseqüências da introdução de máquinas a vapor, do controle e da divisão do trabalho sobre a produção e a produtividade.