Universidade Federal
de Minas Gerais
Centro Pedagógico
– Escola Fundamental- Núcleo de Geografia
e História- Disciplina História
Professor Adair Carvalhais Júnior
A Revolução
Industrial
Adaptado de História
Temática – O Mundo
dos Cidadãos. Montellato, Cabrine e Catelli.
Ed. Scipione, pg. 30 a 51
Mais do que a introdução das máquinas
no sistema de produção
de bens e mercadorias,
a Revolução Industrial
consistiu numa transformação no modo de trabalhar dos homens,
na maneira de se relacionarem uns com os outros,
de pensar e agir, bem como utilizar o tempo, observar o meio ambiente e nele interferir.
A própria noção
de tempo foi modificada.
O relógio
mecânico, criado
em fins
do século XIII para
disciplinar a vida
dos monges acabou por
extrapolar seu
objetivo inicial
e passou a controlar o ritmo
de todas as atividades da vida urbana.
Assim,
já por
volta do século
XVI a noção de tempo
relacionava-se com o tempo útil, o tempo do trabalho. Desta forma, a noção do mercador do tempo
como dinheiro
foi se disseminando por todas as esferas da sociedade.
A revolução
industrial também
se relacionou com o desejo
dos patrões em
disciplinar os operários
e em submetê-los a novos
sistemas de trabalho.
O nascimento das fábricas
Durante
a Idade Média
européia a produção era
realizada em um
sistema familiar
e destinava-se a atender às necessidades
da família do camponês.
O crescimento
urbano e o êxodo rural
aumentaram o contingente de artesãos e estes
procuraram se organizar nas chamadas
corporações de ofício.
As corporações
eram organizações que
possuíam regulamentos próprios quanto
à hierarquia, formação
e treinamento de profissionais,
às horas de trabalho,
salários, preços
dos produtos. Além
disto protegiam os artesãos contra a concorrência
estrangeira (de outras cidades ou países).
Por
volta do século
XVI os comerciantes começaram a fornecer a matéria-prima
aos trabalhadores fora
da jurisdição das corporações
e a controlar a comercialização
da produção, num sistema
que ficou conhecido
como putting-out na Inglaterra.
Neste sistema
os trabalhadores produziam em suas casas, eram donos
das ferramentas, controlavam as técnicas e o processo de trabalho. Mas surgiam
conflitos entre
eles e os comerciantes
pois nem sempre a matéria-prima
era de boa qualidade,
havia desvio da produção
e o preço combinado não
era pago,
além do atraso
na entrega das mercadorias.
Por
isto as fábricas
nasceram da necessidade dos comerciantes controlarem melhor
os trabalhadores, impor-lhes um ritmo de trabalho próprio e retirar-lhes a
iniciativa e a criatividade.
Nelas os trabalhadores
eram reunidos em galpões,
vigiados e controlados por meio de uma rígida
disciplina, de horários
de entrada e saída,
prazos para cumprimento das tarefas,
maior divisão
das etapas do trabalho
e uma hierarquia severa.
Nelas as jornadas de trabalho
atingiam até 16 horas
por dia,
sem feriados
ou férias
e a utilização da mão-de-obra
infantil era comum.
Trabalho e tecnologia
A invenção de máquinas para fazer o trabalho do homem era uma história antiga.
Mas a associação
da máquina à força
do vapor provocou mudanças inéditas.
A produção em grande escala, a divisão do trabalho e a utilização da energia não humana provocou um
enorme aumento
na produção.
Sob
o ponto de vista
dos trabalhadores, a Revolução Industrial
foi uma catástrofe. A exploração
econômica e a opressão
política só
fizeram aumentar e as relações
entre patrões
e empregados tornaram-se mais duras e menos
pessoais. Nasceu aí
a classe operária,
tão importante
para a civilização
ocidental particularmente
a partir do século
XIX.
Mas
os conflitos entre
patrões e empregados
não giravam, no início,
em torno
de questões econômicas mas de valores:
tradição, justiça,
solidariedade, independência,
segurança e economia
familiar eram freqüentemente
invocados pelos
trabalhadores que
viam seu modo
de vida ser
transformado drasticamente (ver texto
“Relato feito por
um oficial
fiandeiro de algodão
ao público da cidade
inglesa de Manchester”, em 1818).
E não
poucas vezes estes
conflitos tornaram-se violentos (ver texto “Os quebradores de máquinas”).
Taylorismo e fordismo
Frederick Winsllow Taylor criou o taylorismo, conjunto de regras
criadas a partir da observação
do trabalho nas fábricas
que visava racionalizar
e controlar ao máximo
o tempo do trabalhador,
elevar sua
produtividade, eliminar o desperdício
e reduzir os custos
de produção.
No taylorismo a divisão
do trabalho foi aprofundada, sendo cada operário responsável por
uma única e repetitiva
tarefa. Além
disto o trabalhador que
realizasse determinada tarefa num tempo
menor que
a média de todos
os companheiros era
premiado.
Henry Ford desenvolveu os princípios de Taylor e os aplicou nas suas fábricas,
criando a linha de montagem,
na qual os veículos
eram colocados numa esteira rolante e cada trabalhador
realizava uma única e simples etapa
da produção: quanto
mais simples
menos sujeita
a erros, maior
velocidade, mais
produtividade e mais lucros.
+ Charles Dickens (1812/1870), escritor
inglês, retratou muito
bem as condições
de trabalho subumanas da classe
trabalhadora no século XIX no livro Oliver Twist.
+ Charlie Chaplin, cineasta americano, mostrou no seu
filme Tempos Modernos
a vida repetitiva
e monótona dos trabalhadores na indústria.
Após a
leitura, responda:
1.
Explique as transformações no modo de se
produzirem as mercadorias desde a Idade Média até o
nascimento das fábricas.
2.
Identifique e diferencie taylorismo e fordismo e explique sua
importância para
o desenvolvimento industrial.
3.
Explique as mudanças provocadas no modo
de vida dos trabalhadores
pela Revolução
Industrial.
4.
Explique as conseqüências da introdução de máquinas
a vapor, do controle
e da divisão do trabalho sobre a produção e a produtividade.
Revolução Industrial II
O artesanato
foi a forma de produção industrial característica da Baixa Idade Média,
durante o renascimento urbano e comercial, sendo representado por uma produção
de caráter familiar, na qual o produtor (artesão) possuía os meios de produção
(era o proprietário da oficina e das ferramentas) e trabalhava com a família em
sua própria casa, realizando todas as etapas da produção, desde o preparo da
matéria-prima, até o acabamento final e comercialização do produto final; ou
seja não havia divisão do trabalho ou especialização para a confecção de algum
produto. Em algumas situações o artesão tinha junto a si um ajudante, porém não
assalariado, pois realizava o mesmo trabalho pagando uma “taxa” pela utilização
das ferramentas.
Depois da Revolução Industrial, os
trabalhadores não eram mais os “donos” do processo. Eles passaram a trabalhar
para um patrão como operários ou empregados. A matéria-prima e o produto final
não lhes pertenciam mais. Esses trabalhadores passaram a controlar máquinas que
pertenciam ao empresário, dono dos meios de produção e para o qual se destinava
o lucro.
Outra característica desse período foi
a interferência do empresário no processo produtivo, passando a comprar a
matéria-prima e a determinar o ritmo de produção.
Foi a Inglaterra
que saiu na frente no processo de Revolução Industrial do século XVIII.
Este fato pode ser explicado por diversos fatores:
A Inglaterra firmou vários acordos
comerciais vantajosos com outros países. Um desses acordos foi o Tratado de
Methuen, celebrado com Portugal, em 1703, por meio do qual conseguiu taxas
preferenciais para os seus produtos no mercado português.
A Inglaterra também possuía grandes
reservas de carvão mineral em seu subsolo, a principal fonte de
energia para movimentar as máquinas e as locomotivas a vapor e grandes reservas
de minério de ferro, a principal matéria-prima
utilizada neste período.
Por fim, a mão-de-obra
disponível em abundância também favoreceu a Inglaterra, pois havia uma massa de
trabalhadores procurando emprego nas cidades inglesas do século XVIII.
A Revolução Industrial alterou
completamente a maneira de viver das populações dos países que se
industrializaram. As cidades atraíram os camponeses e artesãos, e se tornaram
cada vez maiores e mais importantes.
Na Inglaterra, por volta de 1850, pela
primeira vez em um grande país, havia mais pessoas vivendo em cidades do que no
campo. Nas cidades, as pessoas mais pobres se aglomeravam em subúrbios de casas
velhas e desconfortáveis, se comparadas com as habitações dos países
industrializados hoje em dia. Conviviam com a falta de água encanada, com os
ratos, o esgoto formando riachos nas ruas esburacadas.
Responda
1.
Por que o trabalho do operário era diferente do trabalho do artesão?
2.
Que vantagens a Inglaterra teve sobre os outros países no desenvolvimento da
sua indústria ?
3.
Como funcionava a produção artesanal de mercadorias ?
4.
E a produção industrial ?
acjset
2012